Zé de Cazuza

José Nunes Filho, conhecido como Zé de Cazuza, nasceu no sítio Boa Vista, na cidade de Monteiro (PB), em 13/12/1929. Começou a frequentar as cantorias aos cinco anos. Aos seis, já guardava versos na cabeça. Quando se mudou para a zona rural de Prata, onde vive até hoje trabalhando também com agricultura e criação de gado, foi vizinho de Zé Marcolino, mestre cantado por Luiz Gonzaga. Em sua casa costumavam ir Lourival Batista e Pinto do Monteiro, dois dos maiores do seu tempo. “Foi ouvindo estes dois que eu comecei a decorar versos. Já fui mais decorador, quando não havia gravador. Agora todo mundo está gravando cantoria. Mas só decoro versos de cantador que merece. Tem muitos deles que têm queixa de mim porque acham que eu não dou valor a eles. Se as pessoas me perguntarem se eles são bons, digo que são boas pessoas, já os versos que fazem... Tem cantador aí que cantou 30 anos em rádio e ninguém lembra um verso dele, se perdeu tudo”, comenta o “Gravador Humano”, seu apelido.

Há cinco anos, foi reconhecido como Mestre das Artes da Paraíba, equivalente ao registro do Patrimônio Vivo de Pernambuco. Nas palavras de Jansen Filho, Zé de Cazuza é um "misto de vaqueiro e poeta, alma coberta de sol e poesia". Segundo o folclorista Francisco Coutinho Filho, ele é "o mais apurado admirador sertanejo da nossa poesia brava".

A veia lírica corre pela família. Seu pai foi o cordelista Cazuza Nunes. De seis filhos, três seguiram carreira artística. Miguel Marcondes e Luís Homero vieram para o Recife e há dez anos fundaram o grupo Vates e Violas; já Felizardo Moura é famoso apresentador de vaquejadas. "Ele passou a vida elogiando e recitando grandes cantadores. Um dia, ele percebeu que é um deles", disse um de seus filhos.

Ele é capaz de memorizar versos que foram pronunciados uma única vez e guarda na memória centenas e mais centenas de poemas, causos, canções e pelejas, de alguns dos maiores nomes da história do repente. E atualmente, aos 80 anos, sua memória ainda impressiona tanto, que foi personagem do programa Globo Repórter, da TV Globo, num especial sobre memorização. Zé deu dicas de como memorizar, declamou poemas e garantiu que só consegue memorizar poesias boas. Não fosse a memória dele, preciosidades da poesia teriam se perdido na época em que não havia gravador.

Livro:

-Poetas Encantadores:
Em quase 400 páginas, a obra apresenta o trabalho de 66 poetas. Alguns são famosos, como Pinto do Monteiro, Rogaciano Leite e Lourival Batista, o Louro do Pajeú. Outros são conhecidos somente por quem é do meio. Lançado há três anos e com duas edições esgotadas. O livro chega agora à terceira edição, ampliada e comemorativa dos 80 anos do autor, e é totalmente baseado em suas memórias e andanças com Manuel Filó, Manuel Xudu e Geraldo Amâncio.


Um comentário:

  1. Paraíba nos deu Pinto
    Que foi nascido em Monteiro
    E eu que sou um brejeiro
    Tenho admiração
    Por quem faz da poesia
    Prêmio, palavra e seu pão
    Pois tenho muita alegria
    Em ser filho deste torrão!

    Severino Honorato

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