Tragédia no Teatro

Tudo corria normal, com respeito aos espetáculos e às companhias que se apresentavam no Teatro Santa Roza, até que, no dia 12 de junho de 1900, uma tragédia abalou a capital: a morte do mágico sueco Jau Balabrega e do seu assistente, Lui Bartelle. Na ocasião, os artistas ensaiavam nuances luminosas para a famosa "Dança das Serpentinas", a ser apresentada na noite daquele fatídico dia.

O projetor movido a querosene, em precário estado, explodiu então no colo de Balabrega, matando-o instantaneamente junto com seu assistente. Na hora do acidente, foi estarrecedor o estrondo, havendo quem afirmasse ter o barulho ecoado por toda a Praça Pedro Américo. Quanto à aflição, esta foi bem mais longe, pois fez-se ouvir por todo o país. Com o impacto, as ondas de choque estraçalharam os corpos de Balabrega e Bartelle, atingindo o primeiro na região toráxica e, o segundo, na cabeça. O palco do Santa Roza, que até então abrigara tantos sonhos, canções e dramatizações, estava agora banhado de sangue, pintado de realidade sinistra. Nas paredes em volta e nas cortinas, salpiques de sangue e de morte.

Era macabra a cena. O pânico instalou-se no recinto devido à forma brutal como tudo aconteceu. Nada mais doloroso que ver os fragmentos do corpo de Balabrega (o mais atingido), parecendo uma massa disforme a impregnar o palco e até algumas filas da plateia. Sabe-se que pedaços de órgãos chegaram a atingir pessoas que assistiam ao ensaio geral. Membros da equipe de apoio, como o maquinista e o lanterninha, ficaram encharcados de sangue, ao mesmo tempo em que se entranhavam nas roupas e nos cabelos destes, resquícios das vísceras do mágico. Bem perto, parte de uma das orelhas de Bartelle jazia ao chão, ao lado da mão, que certamente fora levada à cabeça no momento do impacto. Lá fora, a tarde morria tristemente, enquanto o Teatro Santa Roza abrigava uma das mais tristes e horripilantes tragédias já verificadas na capital paraibana.

O restante daquele ano fora marcado pelo silêncio e o sentimento de fracasso no Teatro Santa Roza, pois aquele triste fato deixara nos artistas, como no público, as mais desagradáveis impressões. Só no ano seguinte, 1901, tudo começa a voltar ao normal. Vários espetáculos voltaram a sacudir um pouco o movimento teatral da cidade, com suas peças e canções.

Fonte: Texto extraído da matéria de 01/11/2009 do jornal "A União".


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