Em 1923, a Praça João Pessoa (que à época se chamava Comendador Felizardo leite) foi palco de uma tragédia que resultou na morte de dois jovens alunos enamorados: Ágaba Gonçalves de Medeiros e Sady Castor Correia Lima. Ela estudava na Escola Normal (atual Tribunal da Justiça) e ele no Lyceu Paraibano (que funcionava, à época, no prédio da antiga Faculdade de Direito, ao lado do Palácio da Redenção). Na primeira, só estudavam meninas.
Para evitar a aglomeração de certos jovens que ali afluíam, principalmente os estudantes do “Lyceu Parahybano”, que dali se aproximavam para conversar e/ou flertar com as normalistas daquele educandário, foi estabelecida a "linha da decência", uma invenção do diretor da Escola Normal, o Monsenhor João Batista Milanez, figura conhecida e culta do clero paraibano, que considerava aquilo um desrespeito à moralidade e aos bons costumes. Tudo em nome da honrada família paraibana. Ninguém podia atravessá-la sob pena de sofrer punições.
Mas os dois estudantes se amavam e não aguentavam ficar separados por muito tempo. E no sábado, 22 de setembro, o rapaz atravessou essa divisória imaginária e recebeu um alerta do guarda civil Antônio Carlos de Menezes, vulgo “guarda 33”, responsável pela “manutenção da ordem” e “guardião da honra das moças”. Uma discussão entre os dois foi iniciada e o policial acabou disparando um tiro fatal no estudante.
Quando a notícia se espalhou, amigos e estudantes do Lyceu se aglomeraram na frente da escola e passaram a hostilizar sua direção e a sede da guarda civil. O corpo do jovem foi velado no próprio Lyceu, por toda noite, seguido por discursos inflamados de alunos, professores e familiares. O enterro foi realizado no dia seguinte, no cemitério da Boa Sentença, sendo acompanhado por um grande número de pessoas. Depois, um grupo de jovens, composto por estudantes e amigos da vítima, saiu em exaltada manifestação pelas ruas da cidade, destruindo todos os exemplares do jornal "A União" que encontravam pela frente, terminando com o enterro simbólico do monsenhor Milanez, às portas do seminário diocesano.
O incidente também despertou outras ondas de manifestações incitadas pela oposição ao governo, que tiveram grande repercussão em toda a Província, que culminaram provocando a queda do diretor da escola (substituído pelo cônego Pedro Anísio) e quase resultando na deposição do governo de Solon de Lucena.
Passado duas semanas do ocorrido, o caso ganha uma nova dimensão, com a trágica notícia da morte de Ágaba. Muito deprimida e emocionalmente fragilizada pela morte do amado, ela se suicidou, ingerindo forte dose de veneno. A Paraíba cobre-se novamente de luto.
Ágaba ainda deixa uma carta dirigida a sua futura ex-sogra (mãe de Sady), escrita pouco antes de morrer, cujo teor, vai abaixo descrito:
“Parahyba, 6 de outubro de 1923.
Minha mãezinha,
Peço-vos desculpas de assim vos tratar, mas os laços que me prendiam ao vosso filhinho, permitem que assim vos trate. É lamentável dizer-vos o estado em que me acho desde o desaparecimento de meu inesquecido mui amado Sady. Peço-vos perdão de minha ousadia, mas, venho, por meio desta, dizer-vos que comungo convosco da mesma dor.
Ah! se não fosse ferir o vosso e o meu coração relataria o modo, os sentimentos daquele que tão cedo foi arrebatado do meio honrado em que vivia. Não sei por onde se acha a mala daquele que espero que Deus tenha em sua companhia; queria que vos interessásseis em mandar buscar. Resta-nos confiar na justiça da terra? Não, confiarei na Divina, pois que aquela falha e esta não falhará jamais.
Confiando no vosso coração, espero não se zangará quando esta receber.Peço-vos que abençoeis aquela que amanhã irá fazer companhia àquele que soube honrar e fazer-se honrar.
Abraçai as maninhas pela desventurada
Ágaba Medeiros”
Na sequência, o monsenhor Almeida, vigário capitular de arquidiocese, ainda quis negar sepultura religiosa a Ágaba, por tratar-se de uma suicida, agindo, segundo ele, de conformidade com as prescrições da chamada igreja tridentina.
Para evitar a aglomeração de certos jovens que ali afluíam, principalmente os estudantes do “Lyceu Parahybano”, que dali se aproximavam para conversar e/ou flertar com as normalistas daquele educandário, foi estabelecida a "linha da decência", uma invenção do diretor da Escola Normal, o Monsenhor João Batista Milanez, figura conhecida e culta do clero paraibano, que considerava aquilo um desrespeito à moralidade e aos bons costumes. Tudo em nome da honrada família paraibana. Ninguém podia atravessá-la sob pena de sofrer punições.
Mas os dois estudantes se amavam e não aguentavam ficar separados por muito tempo. E no sábado, 22 de setembro, o rapaz atravessou essa divisória imaginária e recebeu um alerta do guarda civil Antônio Carlos de Menezes, vulgo “guarda 33”, responsável pela “manutenção da ordem” e “guardião da honra das moças”. Uma discussão entre os dois foi iniciada e o policial acabou disparando um tiro fatal no estudante.
Quando a notícia se espalhou, amigos e estudantes do Lyceu se aglomeraram na frente da escola e passaram a hostilizar sua direção e a sede da guarda civil. O corpo do jovem foi velado no próprio Lyceu, por toda noite, seguido por discursos inflamados de alunos, professores e familiares. O enterro foi realizado no dia seguinte, no cemitério da Boa Sentença, sendo acompanhado por um grande número de pessoas. Depois, um grupo de jovens, composto por estudantes e amigos da vítima, saiu em exaltada manifestação pelas ruas da cidade, destruindo todos os exemplares do jornal "A União" que encontravam pela frente, terminando com o enterro simbólico do monsenhor Milanez, às portas do seminário diocesano.
O incidente também despertou outras ondas de manifestações incitadas pela oposição ao governo, que tiveram grande repercussão em toda a Província, que culminaram provocando a queda do diretor da escola (substituído pelo cônego Pedro Anísio) e quase resultando na deposição do governo de Solon de Lucena.
Passado duas semanas do ocorrido, o caso ganha uma nova dimensão, com a trágica notícia da morte de Ágaba. Muito deprimida e emocionalmente fragilizada pela morte do amado, ela se suicidou, ingerindo forte dose de veneno. A Paraíba cobre-se novamente de luto.
Ágaba ainda deixa uma carta dirigida a sua futura ex-sogra (mãe de Sady), escrita pouco antes de morrer, cujo teor, vai abaixo descrito:
“Parahyba, 6 de outubro de 1923.
Minha mãezinha,
Peço-vos desculpas de assim vos tratar, mas os laços que me prendiam ao vosso filhinho, permitem que assim vos trate. É lamentável dizer-vos o estado em que me acho desde o desaparecimento de meu inesquecido mui amado Sady. Peço-vos perdão de minha ousadia, mas, venho, por meio desta, dizer-vos que comungo convosco da mesma dor.
Ah! se não fosse ferir o vosso e o meu coração relataria o modo, os sentimentos daquele que tão cedo foi arrebatado do meio honrado em que vivia. Não sei por onde se acha a mala daquele que espero que Deus tenha em sua companhia; queria que vos interessásseis em mandar buscar. Resta-nos confiar na justiça da terra? Não, confiarei na Divina, pois que aquela falha e esta não falhará jamais.
Confiando no vosso coração, espero não se zangará quando esta receber.Peço-vos que abençoeis aquela que amanhã irá fazer companhia àquele que soube honrar e fazer-se honrar.
Abraçai as maninhas pela desventurada
Ágaba Medeiros”
Na sequência, o monsenhor Almeida, vigário capitular de arquidiocese, ainda quis negar sepultura religiosa a Ágaba, por tratar-se de uma suicida, agindo, segundo ele, de conformidade com as prescrições da chamada igreja tridentina.
Que história triste, a igreja intervindo no amor puro de dois jovens. É aí que se pergunta: até onde religão é algo positivo??
ResponderExcluiro que para os dias de hoje são coisa simples naquela época não era tudo era em nome da moral e bons costumes.como no futuro
ResponderExcluiralgumas situações serão escandalosa .