Zelito Nunes

Escritor, poeta, cordelista e advogado, o paraibano Joselito Nunes, mais conhecido como Zelito, mora em Recife há décadas, mas não perde contato com a região onde nasceu e que é uma das maiores fontes dos personagens e causos de seus personagens. Natural de Monteiro, Zelito é o caçula de uma família de 17 filhos. Nasceu e se criou ouvindo os cantadores da terra. Ainda criança, lia as poucas revistas velhas que chegavam ao seu alcance. Ainda menino, descobriu que gostava de contar histórias e percebeu que as pessoas também gostavam de ouvir suas “mirabolantes” epopéias. Desde cedo teve contato com a poesia e música do sertão do Pajeú. Era o cotidiano popular que realmente o fascinava. Nomes como Julio Verne e os poetas populares Rogaciano Leite e Pinto do Monteiro fizeram parte de sua trajetória e foram fontes de sua inspiração.

Já no Recife, Zelito se envolveu pelo universo literário. Sempre trabalhou com livros, primeiro numa gráfica e em seguida como vendedor. Foi naquela cidade que concluiu o curso de Direito. Mas a atividade que realmente o alçou à arte de “escrevinhador”, foi o cargo que desempenhou durante 11 anos a frente da Imprensa Universitária da UFRPE. Como diretor, Zelito editou um livreto reunindo histórias de cantadores.

Daí em diante, Zelito não parou mais. Apresentado por um amigo em comum, conheceu Jessier Quirino, com quem lançou em 1999, o livro Folha de Boldo, 120 histórias de cachaceiros. A co-autoria deu certo, e serviu para dar coragem de tentar vôos maiores, escrevendo outros livros. Sua característica mais marcante é o humor. Zelito é um típico matuto na cidade grande, com orgulho de suas raízes e contador das suas origens. Como diz Jessier Quirino, “Mesmo vivendo na Capital, Zelito carrega na cabeça, um telhado de Casa da Farinha, devidamente ponteado e um caçuá de histórias sertanejas mais originais do que o pecado de Adão".

Livros:

-Sertão do Beiradeiro – Registro Antes que Acabe.
Com 276 páginas, o livro revela aspectos e histórias engraçadas sobre Monteiro, e as regiões do Cariri paraibano e do Pajeú em Pernambuco, deixando registrado, definitivamente, o retrato de uma realidade que poderia desaparecer com o tempo, garimpando e divulgando causos, contos e lendas de uma vasta região. É esta a sua proposta radical de primar pela cultura de sua gente. Figuras como Bibí Alaxandre, Pedro Biquara, Milonga ou Isabel de Simão, por exemplos, podem parecer simples criações do escritor e pesquisador, mas são todos eles reais. "Eu gosto de conversar com essas figuras fantásticas, verdadeiros filósofos por excelência; que conhecem cada palmo da terra que habitam e que lidam de forma harmoniosa com a natureza de seu lugar", diz Zelito. Esse respeito e essa admiração que o autor tem pelos "beiradeiros" é uma coisa nata e ele percebe a poesia que emana desses heróis que "resistem a uma modernização avassaladora que devora como um câncer a tradição de vida e de cultura desse povo", brada. "Falar dos Bernardos e de Luiz Marinho de Boi Velho, de Cazuza Firmino e de Zé de Cazuza e Antônio de Catarina, é antes de tudo para perpetuar para outras gerações a memória dessa gente que se tornou mais alegre, poética e telúrica". O leitor pode se preparar para lidar com uma gama de lições de vida, do orgulho de uma gente que resiste diante de tantos obstáculos, vindos da natureza e dos homens, sem perder a esperança e nem a ternura.

-Pinto Velho de Monteiro:
É um dos livros mais importantes da cultura popular nordestina, pois se trata de uma biografia de Severino Lourenço da Silva Pinto, o Pinto do Monteiro, como ficou conhecido o mestre cantador e poeta popular paraibano, um dos mais importantes da cantoria e da poesia popular nordestina. “Pinto velho do Monteiro” traz dados precisos sobre a vida de Pinto do Monteiro, inclusive com reprodução de documentos, como a certidão de óbito, a carteira de identidade, um manuscrito de um poema. Há também uma carta enviada pelo cantador ao jornalista e escritor Orlando Tejo. Para fazer o livro, o autor visitou a casa em que o repentista viveu, conferiu dados, checou informações e acrescentou ao seu trabalho depoimentos que haviam sido escritos anteriormente. A obra também traz textos de apologistas, pesquisadores e pessoas que tiveram alguma relação com Pinto do Monteiro. No final do livro, há várias fotos de Pinto já no final da vida.

-Contato:
Email: zelitonunes@gmail.com


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