Omissão

“A omissão é o pecado que se faz, não fazendo”. Assim já dizia o Padre Vieira. A coluna transcreve dois poemas escritos por dois brilhantes poetas/escritores de reconhecimento mundial que, com as suas visões em determinada época histórica, na Rússia e Alemanha, conseguiram registrar a omissão do homem, com o seu respectivo tempo.

“No Caminho com Maiakovski”
Eduardo Alves da Costa – poeta fluminense


Na primeira noite, eles se aproximaram.
E colheram uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,
Pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.

Até que, um dia, o mais frágil deles, entra
Sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,
E, conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.


Bertold Brecht – poeta e dramaturgo alemão

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro.

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável.

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei.

Agora estão me levando
Mas já é tarde
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Estes dois poemas são dedicados a todas as autoridades que, de alguma forma, foram omissas no combate, no esclarecimento e na erradicação da maconha e outras nefastas substancias entorpecentes dos anos setenta.

Hoje temos o crack dizimando a mente e o corpo de milhares de adolescentes. E nenhuma política eficaz e permanente.

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Francisco de Assis Di Lorenzo Serpa é Bacharel em Direito, pós-graduado em Segurança Pública, professor e Delegado de Polícia em Pernambuco.


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