Quem foram os Reis Magos?

Diz a Bíblia que "uns magos", guiados por uma estrela, vieram do Oriente à procura de um recém-nascido rei dos judeus. Mas não diz quantos eram, de onde vinham exatamente nem se eram mesmo reis.

Todos os anos, o dia 25 de dezembro, revive a tradição cristã do Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus. Nessa época se reconstitui o nascimento de Jesus: a gruta em Belém, o menino na manjedoura, os pastores, que, segundo a Bíblia, vieram de longe (do Oriente) para adorá-lo, trazendo ouro, incenso e mirra.

Nessa caminhada, chegaram a Jerusalém, capital do antigo reino de Israel, convertido em província romana sob o nome de Judéia, onde reinava Herodes. Mas não encontraram ali o recém-nascido e continuaram a seguir a estrela, até Belém. Quem eram os reis magos? Existiram de fato ou são apenas fruto da imaginação? A única referência a eles na Bíblia está no Evangelho de São Mateus. versículo 2: "Tendo, pois, nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos chegaram do Oriente a Jerusalém dizendo: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo”.

As dúvidas sobre os reis magos existem na própria Igreja. O teólogo brasileiro frei Leonardo Boff pergunta: “Vieram de fato os reis do Oriente? É curioso imaginar uma estrela errando por aí, primeiro até Jerusalém e depois até Belém, onde estava o menino. Por que não se dirigiu diretamente a Belém, mas primeiro resplendeu sobre Jerusalém, estarreceu toda a cidade e o rei Herodes, a ponto deste ter decretado a morte de crianças inocentes? Em que medida nisso tudo vai conto ou realidade?”

Os evangelhos foram escritos muito depois da morte de Cristo. O de Mateus, por exemplo, foi escrito entre os anos 80 e 85, ou seja, cerca de meio século mais tarde. O teólogo Ivo Storniolo, de São Paulo, acredita que "Mateus criou uma história como se fosse um fato verdadeiro para mostrar o real significado do nascimento desse menino". Outro teólogo, Euclides M. Balancin, afirma que Mateus inspirou-se no salmo 72, O Rei Prometido, do Antigo Testamento, que fala de um rei ideal que implantaria a Justiça e o Direito. "O que Mateus quer dizer", interpreta Storniolo, "é que Jesus é o Messias prometido e, reconhecendo isso, os reis das Nações, que seriam os reis do Oriente, vieram trazer-lhe tributos."

As oferendas com que os magos presentearam Jesus são carregadas de significados. O ouro é o símbolo da realeza; o incenso representa a divindade e a mirra era usada em sepultamentos, o que faz supor que Mateus estivesse aludindo à morte de Jesus. E só Mateus só se refere a eles como magos. Apenas no século VI é que passam a ser chamados de reis, além de magos.

Mas, afinal, que estranhos poderes teriam os magos? A palavra mago vem do persa magu que deu em grego mágos e chegou ao português através do latim maga e quer dizer "poderoso". Os sacerdotes da religião persa, o zoroastrismo, eram chamados de magos. Seus poderes vinham dos conhecimentos de Astronomia e Astrologia que possuíam. Por isso, os reis persas se aconselhavam com eles antes de tomar decisões das mais importantes, como saber qual o melhor dia para resolver questões de Estado, até as mais corriqueiras, por exemplo, o dia mais indicado para tomar um remédio ou mesmo dar uma festa.

Sabe-se tão pouco sobre os magos que até seu número é desconhecido. Jacó de Edessa (640-708), teólogo cristão que escreveu comentários sobre o Antigo e o Novo Testamento, dizia que eles vinham da Pérsia, mas não eram três. Eram homens ilustres escoltados por mais de mil pessoas e seguidos por uma multidão.

Seja como for, os nomes dos magos, Melchior, Baltazar e Gaspar são de origem oriental e todos têm a ver com realeza e poder. A idéia da procedência persa dos magos influenciou até as roupas com que aparecem representados: chapéu redondo na cabeça, camisa curta presa por um cinturão, calças estreitas e uma capa por cima. Exatamente como os reis persas se vestiam.

No altar mór da Catedral de Colônia, na Alemanha, existem os três caixões revestidos de ouro. Dentro deles estariam os restos mortais de Gaspar, Melchior e Baltazar, trasladados da Itália no século XII. Pode ser outro dos tantos mitos que bordam a história dos magos, mas o fascínio que ela exerce sobre os cristãos do mundo inteiro se renova a cada ano no Natal e depois no dia 6 de janeiro, quando eles teriam chegado a Belém, e a tradição popular preserva e comemora como o Dia de Reis.


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